17 de abril de 2009

Talvez

11 de Março de 2009.
Talvez…

Talvez a questão seja eu, talvez esteja em mim.
Talvez a questão seja eu e esta minha sede desmedida de vida.
Talvez seja esta minha vontade sufocante de querer abraçar o mundo.
Talvez seja esta minha vontade de partir para um qualquer lugar onde me esperem ou não, sem nota prévia de chegada ou hora marcada de regresso.
Talvez seja eu e este meu desejo incontrolável de querer VIVER.
Talvez seja eu e este meu desejo incontrolável de querer AMAR. Amar por inteiro,intensamente. Porque só assim faz sentido e sei viver.
E SENTIR… Sentir a alma vibrar, o corpo estremecer com um sorriso num rosto, um brilho de um olhar, a ternura de uma mão que se estende, o calor que se dá e recebe num abraço, como uma meta cumprida, um objetivo atingido, um sonho realizado.
Talvez…
Talvez seja eu e esta minha avidez de querer parar de escrever a página de um livro cuja personagem deixei de reconhecer, e começar outro. De novo. Com o Eu que conheço, que sempre fui e que perdi num qualquer parágrafo escrito no lugar errado, que fez mudar o rumo desta que é hoje uma desinteressante história. Um enredo que vai perdendo a cada dia o sentido, com um epílogo demasiado previsível.
Talvez…
Talvez seja eu, mera figurante ou personagem em papel inadequado.
Talvez seja eu e minha estupidez de querer correr pelas linhas, tropeçar nas vírgulas, cair nos pontos finais e erguer-me para um novo parágrafo, uma nova página. De querer aprender pela passagem dos pontos de interrogação, deliciar-me com pontos de exclamação, mergulhar nas reticências e absorver tudo o que está para além delas.
Talvez…
Talvez seja eu e esta minha sofreguidão de me superar a mim mesma. Porque acredito que nunca sou o bastante e que posso ser sempre mais e melhor.
Talvez…
Talvez seja eu:
a loucura sentenciada pelos que me crêem saber!
Talvez seja eu:
a lucidez entendida pelos que me conhecem!

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