O texto abaixo é de autoria da sábia Martha Medeiros, admiro essa mulher, porque ela tem um dom particularmente apreciado por mim, saber escrever algo que faça a gente parar pra ler, prende a nossa atenção.
Está certo que os seus textos normalmente são direccionados aos acontecimentos do dia a dia, as mulheres e aos homens e é exatamente por isso que gosto dos textos dela, ela escreve coisas reais, coisas que acontecem na nossa vida. Não histórias fictícias, bonitas e interessantes, mas fictícias como a maioria desses escritores se destina a publicar!
Gosto de ler coisas reais, coisas que acontecem, lições de vida, experiências vividas pelas pessoas, isso sim paro pra ler. Estou lendo no momento o livro do autor Roberto Shinyashiki, " Sempre em Frente", pelo pouco que li estou gostando, várias pessoas já haviam comentado que os livros dele eram muito bom, estou comprovando, é mesmo. Ele segue a linha dos livros de auto ajuda, mas ele escreve relatando fatos que aconteceram na vida dele antes de ele ser esse tão famoso escritor.
Voltando aos textos da Martha... Este que está a baixo eu encontrei num blog que acompanho, não conhecia e como sempre gostei muito, porque???
Porque ele fala de uma realidade vivida por nos mulheres. Só a gente sabe o que é sair pra trabalhar deixando mil e um problemas em casa, com um monte de coisas na cabeça, pensando em mil coisas que tem que fazer até acabar o dia e mesmo assim consegue se dedicar ao trabalho! Imagine um homem no lugar de uma mulher moderna, sim moderna, porque é assim que somos conhecidas agora. Acabou o tempo que nós ficávamos em casa esperando eles com o jantar na mesa e com um sorriso no rosto. Imagine eles fazendo tudo que a gente faz num dia só??? Essas clínicas de pinel estariam lotadas de homens!!!
Vamos ao texto...
As verdadeiras mulheres felizes
As verdadeiras mulheres felizes
Acabo de ler um livro de Eliette Abecassis, uma francesa que eu não conhecia. O nome da obra, no original, é Un Heureux Événement, que pode ser traduzido para Um Feliz Acontecimento, mas é um título irônico, pois o livro trata sobre o fator que, segundo a autora, destrói as relações amorosas: o nascimento de um filho. Num tom exageradamente desesperado, a personagem narra o fim do seu casamento depois que dá à luz. Concordo que a chegada de uma criança muda muita coisa entre o casal, mas a escritora carrega nas tintas e cria um quadro de terror para as mães de primeira viagem. Se o nascimento de um filho é sempre desconcertante, é preciso lembrar que é, ao mesmo tempo, uma emoção sem tamanho. De minha parte, só tenho bons momentos a recordar, nada foi dramático. Mas mesmo que, por experiência própria, eu não compartilhe com a desolação da autora, ainda assim ela diz no livro uma frase muito interessante. Ao enumerar as diversas mazelas por que passam as criaturas do sexo feminino, ela me veio com esta: "os homens são as verdadeiras mulheres felizes". Atente para a sutileza da frase. O que ela quis dizer? Que os homens saem pela porta de manhã e vão trabalhar sem pensar se os filhos estão bem agasalhados ou se fizeram o dever da escola. Os homens não menstruam, não têm celulite, não passam por alterações hormonais que detonam o humor. Os homens não se preocupam tanto com o cabelo e não morrem de culpa quando não telefonam para suas mães. Os homens comem qualquer coisa na rua e o cardápio do jantar não é da sua conta, a não ser quando decidem cozinhar eles próprios, e isso é sempre um momento de lazer, nunca um dever. Os homens não encasquetam tanto, são mais práticos. Eu, que estou longe de ser uma feminista e mais longe ainda de ser ranzinza, tenho que reconhecer o brilhantismo da frase: os homens são mulheres felizes. Eles fazem tudo o que a gente gostaria de fazer: não se preocupam em demasia com nada.
Porque nosso mal é este: pensar demais. Nós, as reconhecidas como sensíveis e afetivas, somos, na verdade, máquinas cerebrais. Alucinadamente cerebrais. Capazes de surtar com qualquer coisa, desde as mínimas até as muito mínimas. Somos mulheres que nunca estão à toa na vida, vendo a banda passar, e sim atoladas em indagações, tentando solucionar questões intrincadas, de olho sempre na hora seguinte, no dia seguinte, planejando, estruturando, tentando se desfazer dos problemas, sempre na ativa, sempre atentas, sempre alertas, escoteiras 24 horas.
Os homens, mesmo quando muito ocupados, são mais relax. Focam no que têm que fazer e deixam o resto pra depois, quando chegar a hora, se chegar. Não tentam salvar o mundo de uma tacada só. E a chegada de um filho, ainda que assuste a eles, como assusta a todos, é algo para se lidar com calma, é um aprendizado, uma curtição, nada de muito caótico. Eles não precisam dar de mamar de duas em duas horas, não ficam fora de forma, não enlouquecem. Isso é uma dádiva: os homens raramente enlouquecem.
Nós, nem preciso dizer. Nascemos doidas. Por isso somos tão interessantes, é verdade, mas felicíssimas, só de vez em quando, nas horas em que não nos exigimos desumanamente.
Homens, portanto, são realmente as verdadeiras mulheres felizes. Que isso sirva de homenagem aos queridos, e sirva pra rir um pouco de nós mesmas, as que se agarram com unhas e dentes ao papel de vítimas porque ainda não aprenderam a ser desencanadas como eles.
Martha Medeiros
Martha Medeiros
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